Eu gosto de falar, e por isso mesmo tenho certo medo de falar. Pois para fazer algo que eu gosto, tenho que fazer direito, sem proferir besteiras ou erros. Mas eu sempre acho que vou falar besteira ou errar, então fico quieto.
A escrita se tornou refúgio pois dá para checar antes de me comprometer a qualquer afirmação, e tenho pânico de afirmar algo que não seja verdade. Pausei o texto para brincar com uma amiga sobre o filme Meninas Malvadas e a frase “às quartas usamos rosa”.
Fui jogar no google para conferir se a frase existia mesmo.
Assumir que não se sabe de tudo é sempre muito saudável, mas acho que acabo sendo zeloso em excesso, pois eu não somente assumo que não sei tudo: eu parto do príncipio que tudo que eu sei pode ser
1 - Errado
2 - Fruto de uma alucinação ou sonho
3 - Simplesmente algo muito comum que todo mundo sabe
É um mix de preocupação normal, com absurdo completo. Eu nunca alucinei na vida, nem consumo alucinógenos, embora isso mude em breve, se tudo der certo.
De toda forma, não é sustentável ficar quieto sempre por conta de medo e insegurança. Afinal, eu gosto de falar! Meu ambiente preferido é a mesa de bar justamente por ser esse espaço onde tá todo mundo trocando idéia e, dependendo do contexto, eu me sinto mais confortável para expor minhas visões, embora quase sempre motivado por alguns muitos copos de cerveja, que tornam minha dicção já não muito boa em algo lamentável.
Mas não vou gravar um podcast de monológo. Não consigo imaginar alguém lendo isso, quanto mais escolhendo ouvir minha voz por sabe-se lá quanto tempo enquanto pega o ônibus.
Contudo, preciso ficar confortável expondo ideias, sejam bestas ou não, pois só saberei seu valor as colocando no mundo. Descobrir o caminho enquanto ele está sendo percorrido.
Então, Maudito.
Esse nome surgiu mais para expressar a ideia de maldito mesmo (duh), por conta de certa visão que tenho sobre a crítica brasileira atual, ao meu ver, muy publicitária. Eu queria um espaço para ser malvado, uma vontade juvenil, que não deixa de ter valor - as vezes é bom colocar o dedo na ferida - mas iniciar algo movido pelo impulso de falar mal/reclamar não é uma postura legal, um coisa meio turrona, rabugenta, que eu de fato sou, mas não precisa ser sentimento basilar dos meus projetos.
Olho para o nome com uma outra perspectiva, a de falar mal no sentido de me permitir falar besteira mesmo, de tirar o gesso da minha escrita e do meu pensamento, o que só pode acontecer se eu encarar o medo de escrever algo que, talvez, ninguém concorde e possivelmente ache uma burrice completa. But that’s life.
Resumindo: vocês agora fazem parte da minha terapia. Peço desculpas desde já.
Não garanto frequência, mas vou tentar uma atualização por mês. Sem promessas.
Até.